A Menina Submersa.



Chovia há vários dias,
chovia sem parar e ela decidiu
sair pra aquietar o coração,
ver a lua brilhar sob o afasto,
e ouvir os pingos caindo no telhado.
Nunca fora boa com as palavras
então aquela semana inteira estava
entalada em sua garganta, e ela
só queria gritar, gritar aos quatro
cantos o quanto doía.
Ela nunca fora amada,
quem tentou caiu no seu
jeito macio, na sua fala cantada,
no seu canto da sereia,
que quando se davam por si,
desistiam de imediato.
Ela seguia sozinha triste a pensar
naquela água toda que escorria
rua abaixo, escorria dos seus olhos.
Deixara escapar quem se importava
por seus versos, e agora vivia agarrada
a velhas frases de seus poemas,
“Maldito amor, Mal dito, Mal Amado,
e pouco vivido.”
Deu um passo a frente e encontrou
aquele mar, que invadiu seu peito,
tomou seu ar, e seu coração,
que era a única coisa que ainda
doía, e aos poucos foi se anestesiando,
ficando dormente, até seus pensamentos
se calarem, finalmente a paz.