Andando na chuva


Chovia lá fora, eu resolvi sair para andar...
sem guarda chuva, sem casaco, sem nada que me protegesse,
vejo uma silhueta ao fundo, sobretudo preto, botas, mulher, linda de se ver.
Bate os olhos nos meus, o baque quase me derruba,
não eram suas curvas que importavam mais,
aquele batom vermelho em sua boca...
como se tivessem pintado à mão e sob medida aquela boca.
Só queria  que seu guarda chuva quebrasse,
que a água finalmente lavasse seu rosto,
 queria a despir dessa máscara, enxergar dentro desses olhos que me cegam.
Depois de um momento ela continua sua caminhada,
só um momento, foi isso que durou, alguns meros segundos,
olho pra trás por reflexo, não para olhar para seu corpo,
vejo sua mão que não segura o guarda chuva balançar enquanto
anda, um anel, brilha dourado sob a luz fraca do poste da rua.
Espero que quem a tenha dado este anel consiga enxerga a beleza
por trás daqueles olhos, negros como a noite fica quando ela
se afasta e dobra a esquina.



Imagem : Vitor Nunes.

A Morte de Julieta




A lua iluminava a rua de pedra,
era o caminho torturante do meu coração,
todas as noites me perdia ali,
 como um boêmio que encontrava a taverna,
 um louco com seu vício inconsciente.

E lá estava ela, tua amada,
 a perfeição havia se consolidado
 em carne e osso, dos olhos inocentes e pele macia.

Mas lá estava tambem Pàris,
 traindo os labios que me pertenciam,
 tocando a pele arrepiada de frio,
 consumindo todo o perfume até que
 nao se sentisse mais aquele toque seco do meu.

Não sei ao certo se foram lágrimas
 ou ódio que escorreram de meu rosto,
 havia abdicado de uma vida de paixões
desenfreadas pelo meu grande amor,
 que agora nem uma paixão era.

Súbito de ódio, ele pinta o muro de vermelho,
suas lágrimas respingam sobre os corpos gélidos,
as histórias de amor realmente não devem existir,
 são só prefácios para grandes tragédias.