Faça um pedido



Tudo começou com uma faísca,
riscou o escuro em um brilho vivo,
o pavio se acendeu, a bomba
estava armada, e ela estava rendida,
com as bochechas todas rosadas,
e a vergonha de quem odeia
ser o centro das atenções.
Enquanto as vozes gritam
ao fundo, ela pensa nos eventos
que a trouxeram até aqui.
Um ano inteiro de tropeços.
Ninguém nos ensina que
quando nos tornamos adultos
temos que voltar a engatinhar,
aprender a andar com as próprias
pernas tortas, que temos que
ser fortes nos momentos difíceis,
e sorrir nos raros momentos felizes.
Ela deveria estar sorrindo agora,
mas não, no meio daqueles rostos,
daquelas sombras todas, faltava
um sorriso, faltava um parabéns,
como eu disse, foi um ano de tropeços.
Se fez silencio na sala toda, dava até para
ouvir os corações batendo, todos
aflitos por um sinal de vida dela.
Alguém gritou bem alto, ela pensou
ser a voz dele, ou quis acreditar que fosse,
disse “Faça um pedido !”, e ela fez,
fechou os olhos, rezou e assoprou
com todas as suas forças,
então tudo era escuro novamente,
 até que uma pequena
 faísca se acendeu.