Seu pequeno Mundo de Cristal



Me aproximo devagar,
como se não soubesse o que dizer,
o silencio exala da sua pele alérgica.
Tento te tocar de alguma forma,
mesmo sem jeito, você se retrai,
cria esse mundo dentro de uma bola de cristal,
nada te perturba ali dentro, nem o som da minha voz,
que cala lentamente enquanto a neve cai.
Você diz que adoece mas não diz por que,
sou eu tua doença incurável,
minhas palavras te machucam,
e quando me calo te machucam ainda mais,
O que faço para viver nesses flocos de neve
que são seus sentimentos ?
Que caem e adormecem no chão
e só se mostram vivos se agitar,
se deixar de cabeça para baixo.
Me afasto rápido demais, na minha boca mora
o amargo, que um dia já foi doce nos teus lábios
de mulher, que já foi seco nas suas palavras de adeus,
que já foi lagrimas em algum ponto dessas viradas.
Jogo com força a bola na parede, deixa um
rastro por onde passa, um rastro de agua, de
sangue da minha mão cortada, de destruição.
Uma boa noite, durma com os anjos meu amor,
por que hoje eu não durmo, minha bola de cristal
se desfez, e com ela minha noite.