Vai, Sorri !



“Fecha os olhos e sorri !!”
eu continuava rindo, imaginando
minha cara patética naquela foto,
era uma semana depois do seu aniversario.
Eu havia dado essa câmera analógica
que ela tanto queria, só falava disso a
meses, então decidi que seria o presente
perfeito, para o seu aniversario imperfeito.
Todo mundo que ela chamou estava
ocupado, ou de saco cheio do jeito
largado dela, então sobramos eu,
ela e mais dois amigos, um mais estranho
que o outro, mas me convenço que
isso seja normal, ela atrai loucos,
sim, é verdade, por isso estava ali afinal.
“Vai, agora fica sério, para de olhar meu,
sério, vou ficar chateada”
“ta bom” e me acabei de dar risada,
“eu to tentando” disse , então se fez silencio,
só o som da minha voz que volta pros
meus ouvidos  “Ca ?, ta ai ?” abro
os olhos devagar e explode uma luz
forte na minha cara, e sua gargalhada
espanta o silencio.
“sua idiota !” falo sorrindo.
 “Fica tranquilo, por que eu já acabei,
 tenho todas as suas expressões guardadas”
 “pra que?” “
“pra quando eu sentir sua falta”  ela fala sorrindo
e seus lábios se encaixam nos meus,
estou sorrindo.





Olhos Vermelhos



Eram duas da manhã e o sono
não lhe convence, a madrugada
dói em silencio profundo, do
escuro que surgem os sussurros,
as palavras que não foram ditas
durante todo o dia, se perdendo
do lábio pra fora pra ninguém ouvir.
A briga havia sido feia, ela saiu
chorando, e ele ficou lá com aquela
cara de bobo que sempre ficava
quando achava que tinha razão,
sua mãe sempre falava, menina
não chora por quem não te ama,
mas pra ela era difícil, por que
ela sim, amava ele.
Pouca coisa sobrara daquela noite,
um pouco de conhaque, um travesseiro
molhado, e umas fotos rasgadas,
que agora estavam espalhadas por
toda a cama, por todo o quarto.
Dessa vez ela limpou as lagrimas
e prometeu nunca mais voltar lá,
não merecia mais aquilo, então
seu telefone tocou, não era ele,
ela sorriu, pelo jeito ela dizia a verdade.




A Menina Submersa.



Chovia há vários dias,
chovia sem parar e ela decidiu
sair pra aquietar o coração,
ver a lua brilhar sob o afasto,
e ouvir os pingos caindo no telhado.
Nunca fora boa com as palavras
então aquela semana inteira estava
entalada em sua garganta, e ela
só queria gritar, gritar aos quatro
cantos o quanto doía.
Ela nunca fora amada,
quem tentou caiu no seu
jeito macio, na sua fala cantada,
no seu canto da sereia,
que quando se davam por si,
desistiam de imediato.
Ela seguia sozinha triste a pensar
naquela água toda que escorria
rua abaixo, escorria dos seus olhos.
Deixara escapar quem se importava
por seus versos, e agora vivia agarrada
a velhas frases de seus poemas,
“Maldito amor, Mal dito, Mal Amado,
e pouco vivido.”
Deu um passo a frente e encontrou
aquele mar, que invadiu seu peito,
tomou seu ar, e seu coração,
que era a única coisa que ainda
doía, e aos poucos foi se anestesiando,
ficando dormente, até seus pensamentos
se calarem, finalmente a paz.





A Encantadora de Corações.



Ela dança rodeada de borboletas,
desenhadas a mão, já te disse que
ela é artista ? pois é, daquelas que
não sabe o dom que tem, além
de dominar as artes da vida, ela
sabe como ninguém encantar
um coração.
É só ela vir, que quem anda tropeçando
por aí, da de cara na felicidade,
o sorriso inflama no rosto, essa
doença que só ela que traz, coisa linda,
coisa rara, colorindo com giz de cera
o caminho por onde passa, fazendo
arco íris em um prédio cinza.
É tão lindo ver ela caminhar a passos
largos, sem rumo, se vira, me olha,
e diz como quem não quer nada
mais nessa vida, você não vem ?
E eu vou, fui, fui encantado, felicitado
por tanta paz, ela rodopia segurando
minha mão e volta pro meu braço,
invade sem querer meu ser, e nessa
dança eu me desconcerto, e volto a sorrir,
a gargalhar, me fiz feliz.
Me rendo, sou todo teu,
do meu coração faz o que quiser,
só promete não ir, e deixar teu efeito
passar, me libertar desse encanto,
pra voltar pro cinza, pro acorde desafinado
do meu despertador, da minha dor.