Andando na chuva


Chovia lá fora, eu resolvi sair para andar...
sem guarda chuva, sem casaco, sem nada que me protegesse,
vejo uma silhueta ao fundo, sobretudo preto, botas, mulher, linda de se ver.
Bate os olhos nos meus, o baque quase me derruba,
não eram suas curvas que importavam mais,
aquele batom vermelho em sua boca...
como se tivessem pintado à mão e sob medida aquela boca.
Só queria  que seu guarda chuva quebrasse,
que a água finalmente lavasse seu rosto,
 queria a despir dessa máscara, enxergar dentro desses olhos que me cegam.
Depois de um momento ela continua sua caminhada,
só um momento, foi isso que durou, alguns meros segundos,
olho pra trás por reflexo, não para olhar para seu corpo,
vejo sua mão que não segura o guarda chuva balançar enquanto
anda, um anel, brilha dourado sob a luz fraca do poste da rua.
Espero que quem a tenha dado este anel consiga enxerga a beleza
por trás daqueles olhos, negros como a noite fica quando ela
se afasta e dobra a esquina.



Imagem : Vitor Nunes.