Cartas de Natal


Era a quarta vez que eu tentava
lhe escrever naquela manhã de natal,
ficava rabiscando o papel procurando
algum motivo para fazer aquilo, afinal,
você nunca iria ler esta carta.
Eu queria poder ler ela pra você,
poder deixar escapar um
euteamo no fim de alguma frase,
e ver meu coração caindo
lentamente, como uma pena
dançando no ar, até chegar
sobre seus pés e ali se desfazer.
Mas tudo isso era aquela parte
do “e se”, a incerteza vivia
colada na minha testa e
agora eu já estava acostumando
com a presença dela.
Peguei o presente que você
me deu de natal, e coloquei
pra ouvir a faixa 6, me perdi
naquela parte onde ele diz
que não existe nenhuma
canção sem o amor,
pelo jeito, eu não existo
sem isso também.