Meu Tempo




Eu costumava escrever poemas,
eu guardava eles em uma caixa,
sempre que fazia aniversario eu relia
todos eles, sem pressa, saboreava cada
lembrança que os inspirava, toda alegria
e todo o inverno de minha tristeza.
Este ano abri minha caixa e nela não havia
nada além de vento, de palavras sem peso
e arrependimento, ah como me arrependo,
sai bem cedo com a caixa no banco ao meu lado,
decidi que o sensato era enterra-la bem fundo
para que seus ecos parassem de me
gritar em meio a noite em claro.
Quando encontro o mar a minha frente,
o mundo desacelera, por um instante vejo
os pássaros , vejo o sol a nascer no horizonte,
vejo tudo que foi meu tempo, todas essas caixas
todos esses anos sumirem aos poucos, com os olhos
cheios de lagrimas me despeço delicadamente
de cada lembrança, e volto a acelerar,
espero acordar em outro lugar.