Dezoito



Ela tinha só dezoito,
mas eu não ligava,
disse que era meu numero
da sorte de qualquer jeito,
ela riu, ganhei a noite,
ganhei um beijo.
Foi exatamente o
limite entre provocar
e parar, e me deixar
com esse riso bobo,
pensando nela dois dias
depois ainda.
Ela me ligou no meio
da tarde, na pior hora,
com os papeis caindo
da mesa e eu tentando
segurar o café e o celular
no ombro.
Me pediu pra marcar de novo,
não teve medo de pedir,
fez questão de dizer o lugar
e a hora, tudo que sempre me
 atrapalha nessa brincadeira de flertar.
Duas horas depois, duas doses a mais,
e eu já era refém daquele olhar,
do beijo no pescoço,
da saia rodada,
do jeito de menina,
toda perfumada,
roubando minha noite inteira.
Na porta com a camisa amassada,
e o sorriso estendido,
ela brinca enrolando o cabelo
com a ponta dos dedos,
 para,
 me olha,
 se inclina pra frente
 e alcança meus lábios.
Quando o beijo termina,
ela sussurra devagar
“quem sabe outro dia de novo”
anestesiado, sorrio feito adolescente,
enquanto a porta se fecha atrás de mim.